Hoje venho falar um pouco de bullying, não somente por ser um assunto atual e importante, mas porque sei que muita gente procura a respeito na internet. Como a maior parte dos artigos são quase que copias uns dos outros, resolvi redigir algo diferente, mas com substancia.
O que é bullying? Muitas definições o descrevem como atitudes agressivas repetitivas realizadas intencionalmente, que ocorrem sem motivação evidente causando dor e angustia. Ok! Mas na prática, o que é o bullying? Sabe o Joãozinho, aquele repetente 2 anos mais velho que todos os alunos da sua turma que fica te intimidando, te batendo e te ridicularizando na frente dos outros? Então, esse cara é o autor do bullying. Todas as vezes que ele te empurrou, roubou teu lugar na fila, te tacou giz ou pôs o pé na sua frente pra você cair, isso foi a ação do bullying.
Existe também outra modalidade de bullying, chamada de cyber-bullying, que é quando o Joãozinho te sacaneia por e-mail copiado para toda a turma, ou pelas redes sociais onde todos mundo pode ver e até mesmo pelo celular. Na maioria das vezes o Joãozinho é maior, mais velho, mais desenvolvido fisicamente e/ou tem apoio dos demais estudantes. Acredita-se que o Joãozinho aja desta maneira, não somente por este ser um comportamento considerado natural, mas também por algumas condições familiares adversas. Se compararmos, veremos que em geral o Joãozinho tem uma família desestruturada, relacionamento afetivo pobre, excesso de permissividade e práticas de maus-tratos por parte dos pais. Além destes fatores o Joãozinho também pode ter algum tipo de distúrbio de comportamento, desempenho escolar deficiente, hiperatividade e baixa inteligência.
O mais assustador é que de acordo com um estudo feito pela ABRAPIA, 60,2% dos atos de bullying ocorrem dentro da sala de aula e dentre os alunos que buscaram auxílio dos professores para que cessasse o bullying, apenas 23,7% obtiveram sucesso. E pior ainda, 51,8% dos praticantes de bullying afirmam não terem recebido nenhuma orientação quanto a incoerência de seus atos. Neste último exemplo entendemos outro motivo pelo qual Joãozinho pratica a violência. Muitos alegam que o bullying não chega aos olhos dos adultos, que as crianças não o relatam etc... mas na minha opinião é hipocrisia, é uma postura preguiçosa. Afinal, que adulto nunca foi criança? Nunca sofreu bullying? Todos nós sabemos que o bullying acontece e exatamente como acontece. Isso gera a sensação de impunidade nos praticantes do bullying.
Talvez a pior característica do bullying, é ser tradicionalmente considerado como natural e com isso tolerado pelos adultos. E afinal o que é o bullying se não a própria violência? Só que praticada por crianças e adolescentes e em um ambiente escolar. É ingenuidade pensar que o bullying não levará a nada, que não exibirá, em um momento futuro, seus efeitos catastróficos. Nos casos em que alunos invadiram escolas armados e atiraram contra colegas e professores, a grande maioria era vitima de bullying que recorreram as armas por não terem mais a quem recorrer para se livrarem da violência. E conforme mostram os fatos, nunca houve um alvo específico, entendendo-se que o objetivo era "matar a escola", local onde ocorriam as agressões sem proteção.
Além dos efeitos mais explosivos, mais retumbantes, pessoas que sofreram bullying quando criança tendem mais a depressão e baixa autoestima. Por parte dos agressores, existe a possibilidade de apresentar problemas de comportamento antissocial que gerará a perda de oportunidades, como a instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros. O bullying é coisa séria e é fato que 41,6% das vítimas não contam a ninguém sobre o sofrimento que passam, mas também é fato que todos que se abriram para pais e educadores, o fizeram por sentirem que seriam ouvidos e que o problema seria enfrentado com firmeza.
Pois bem, tanto falamos de bullying, ótimo! Mas como fazer para cessá-lo? Como mudar o comportamento das crianças e dos adolescentes? Observar o comportamento dos alunos é fundamental, seu convívio social. Ter ciência de que cada escola é um caso diferente e deve ser tratada dentro de suas particularidades, pois cada uma delas, as estratégias a serem desenvolvidas devem considerar sempre as características sociais, econômicas e culturais de sua população. É fundamental o envolvimento de todos, desde pais a todos os funcionários da escola para conscientizar o agressor e proteger vítima. Não se pode ter preguiça de educar, é necessário realizar ações contra o bullying continuamente. Você que é aluno, não apoie o bullying, dedure o Joãozinho. Claro, seja sigiloso, mas não deixe de dedurar, assim você estará se protegendo e protegendo sua escola. O Programa de Prevenção do Bullying criado por Dan Olweus também é uma ótima prevenção ao bullying, pois é considerado o mais bem documentado e mais efetivo na diminuição significativa de comportamentos antissociais e em melhorias importantes no clima social entre crianças e adolescentes.
Por: Um Lugar Escuro
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